Clube retorna à Terceirona após rebaixamento em 2014, mas oscila muito e não consegue o acesso
POR GABRIEL FARIAS

Era um ano de reconstrução, mas a estrada pela qual todos esperavam ver o São Gonçalo Esporte Clube caminhando não foi pavimentada. Depois de ser rebaixado na Série B em 2014, o Mais Querido viveu novamente o calvário da Terceirona Estadual. E o pior é que, ao final da campanha, não conseguiu se livrar dele. A matéria a seguir abre a série especial de fim de ano do Portal Futebol Gonçalense, a “RetrôFG“.
A temporada começou com incertezas. Quando muitos sequer esperavam que o SGEC viesse a campo, os dirigentes toparam encarar as dificuldades financeiras e iniciaram a pré-temporada em março, cerca de dois meses antes do início da Série C. A princípio o clube utilizaria as instalações do Gonçalense, no Catarinão, graças a uma parceria alinhavada entre as diretorias, mas logo o Azul e Branco passou a treinar em Ponta Negra, distrito de Maricá.
Uma das grandes novidades antes da bola rolar foi o retorno de Roberto Brum. Depois de defender o São Gonçalo EC em 2012 e 2013, ele voltou em dupla função: gestor e jogador. Com a ausência do presidente Rafael do Gordo, coube a Brum dar o suporte financeiro que a equipe precisava.
Uma semana antes da competição ter início, Roberto Brum conseguiu trazer outro reforço de peso para o papa-goiaba. O zagueiro Luiz Alberto topou o convite de ser a principal referência dentro das quatro linhas. Era o começo de uma história que parecia ter futuro promissor.
Dentro de campo, instabilidade e choque de realidade
Para ajudar os veteranos Brum e Luiz Alberto, o São Gonçalo optou por dar chance a alguns jovens atletas que haviam se destacado nos juniores, como o lateral-direito Rafael e o atacante Hiago. Figuras conhecidas como os volantes Mariel e Ronald, o zagueiro Davidson e o meia Jomar também estavam no elenco.

A primeira partida foi promissora. Com Roberto Brum em campo, 3 a 1 de virada sobre o Heliópolis, no Estádio Eucyr Resende, em Saquarema – local que foi a casa do Azul e Branco na Série C. Em seguida, estreia de Luiz Alberto e goleada pra cima do Rubro Social, fora, por 4 a 1. No vestiário, Luiz recebeu a braçadeira de capitão das mãos de Brum. Tudo caminhava bem.
O primeiro revés foi para o Artsul. O SGEC teve boa atuação, mas saiu atrás e não demonstrou poder de reação. Começava ali a instabilidade que atrapalharia a campanha. Luiz Alberto, por exemplo, só jogaria mais uma vez, no empate contra o Arraial do Cabo, em 2 a 2. Problemas pessoais impediram que ele voltasse às quatro linhas.
Reforços dão sobrevida ao Mais Querido
A montanha russa vivida no primeiro turno fez o treindor Reginaldo Assad buscar reforços. O veterano centroavante Robson, de 38 anos, e o experiente volante Gustavo Moura, de 31, chegaram. Na virada para o returno, o meia Walber veio do rival São Gonçalo FC. Novas opções, elenco fortalecido e a esperança de uma arrancada rumo ao acesso.

Os bons resultados apareceram novamente. Vitórias sobre Juventus e Nova Cidade e uma goleada acachapante por 8 a 1 sobre o Futuro Bem Próximo reascenderam as esperanças. Um empate contra o Búzios, fora, e um triunfo por W.O sobre o São Pedro colocaram o São Gonçalo EC na zona de repescagem para o acesso. Bastava fazer a sua parte.
Trinca de derrotas encerram ano de forma melancólica
A reta final da Terceirona se aproximava. O São Gonçalo dependia só dele para terminar no G-3 de sua chave e assim manter viva a luta por uma vaga de acesso. Na primeira das três “finais” que teve, um revés inesperado começou a fazer o sonho ruir. 2 a 1 para o Duque Caxiense, no Ítalo Del Cima, com falha de Silézio e gol do adversário no fim.

No fim de semana seguinte, veio o Campos. Novo revés pelo mesmo placar e fim das chances matemáticas de subir. Restou ainda cumprir tabela na última rodada e levar um baile do Itaboraí, por 3 a 0, no dia que o rival sacramentou seu acesso. Para os gonçalenses, melancolia e a certeza de mais um ano na Série C. Que 2016 traga uma nova perspectiva.
Abre aspas
Roberto Brum, ao se apresentar:
Estou me juntando novamente ao projeto do São Gonçalo EC para poder deixar nossa cidade cada dia mais alegre com o futebol. Contamos com a parceria daqueles que amam futebol, que amam São Gonçalo e são “papa-goiabas”. Esperamos crescer juntos.
Luiz Alberto, ao se tornar capitão:
Meu negócio é ajudar dentro de campo. Já que houve essa reunião no vestiário e me deram a faixa, fico contente. Sei da responsabilidade.
Brum, após a campanha
Tem pessoas que conseguem pegar algo, destruir e transformar em nada. Esse grupo foi totalmente o contrário, pegando o trabalho do nada e transformando em algo (…) Fico mais feliz ainda deles terem respondido positivamente, correspondendo às expectativas. Com pouco, eles fizeram muito.
Reginaldo Assad, após eliminação
Temos que ter estrutura. Estou me doando ao máximo ao São Gonçalo desde que começou e não adianta dar murro em ponta de faca. Temos que montar uma estrutura boa para chegar. Poderíamos estar aqui classificados, mas só isso não basta. Hoje não teríamos condições de subir para a segunda divisão sem estádio, treinando em Ponta Negra (Maricá). Sem estrutura, vamos sempre continuar no quase.