O ano era 2012, temporada de estreia de dois clubes xarás: São Gonçalo Esporte Clube e São Gonçalo Futebol Clube. Carregando praticamente o mesmo nome, a dupla de times gonçalenses realizava a primeira participação numa competição oficial: a Série C do Campeonato Carioca.

Logo de cara, os rivais caíram no mesmo grupo da terceira divisão estadual. A quarta rodada, em 25 de março, reservava o que seria batizado como o primeiro “Clássico dos Xarás”. O palco? O popular campo do Cordeiros Futebol Clube, no bairro de Santa Isabel, na cidade de São Gonçalo.

Silvio Luiz, goleiro do São Gonçalo EC em 2012. Bola rolando apenas no aquecimento. Foto: Gabriel Farias.

O que ninguém imaginava era que a partida sequer teria bola rolando. Uma sequência de acontecimentos bizarros, que incluiu churrasco à beira do campo, pagode em alto som, venda de bebida alcoólica e cerca de 500 pessoas presentes no local, acabou por determinar WO contra o São Gonçalo FC, que era o mandante da partida e responsável pela organização da mesma – consequentemente, o rival abocanhou os três pontos sem esforço.

O campo do Cordeiros, apesar de ter sido determinado para receber o confronto, não tinha os laudos técnicos necessários para comercializar ingressos. Sendo assim, a presença de aproximadamente 500 pessoas era de se estranhar num duelo que deveria ocorrer de portões fechados.

Para piorar o cenário, uma “pelada” que havia sido realizada no campo, ainda reunía grande número de pessoas às 15h (horário agendado para o jogo oficial), com fartura de bebida alcoólica (item proibido em competições oficiais) e até um animado pagode que contribuía para o clima que em nada lembrava o de uma partida de futebol profissional.

Na tentativa de contornar a situação, dirigentes do São Gonçalo FC providenciaram reforço no policiamento, tentaram encerrar (sem êxito) o churrasco que acontecia no local, mas não conseguiram convencer o árbitro Daniel Victor Costa Silva de que haveria segurança para a realização do clássico. No fim das contas, um frustrante WO pôs fim ao que seria o primeiro embate entre os dois times.

Súmula relatada pelo árbitro Daniel Victor Costa Silva. Imagem: Reprodução/FERJ.

Mais WO no mesmo ano

Por incrível que pareça, no mesmo ano, o São Gonçalo FC voltaria a perder para o São Gonçalo EC, novamente por WO, na Série C. Desta vez em 20 de maio, no returno da segunda fase. No Estádio Carlos Gonçalves, em Rio Bonito, faltou policiamento.

Apesar do item não ser obrigatório, cabe ao árbitro decidir se há ou não segurança para realizar o jogo sem a presença de segurança pública. E assim foi determinado por Bruno Arleu de Araújo, homem do apito na ocasião, um novo WO em favor do Esporte Clube.

Bola rolando? Teve também

A temporada de 2012 da Série C resevou – além dos WO’s – outros dois encontros entre os xarás. Estes, com mando do São Gonçalo EC, terminaram com duas vitórias dos donos da casa. Ambos os confrontos aconteceram no Estádio Luso Brasileiro, na Ilha do Governador, Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro. Os placares? 4 a 1 e 2 a 1.

Rivais ficam sem o tão sonhado acesso

Com uma equipe nitidamente mais forte e estruturada, o São Gonçalo EC chegou mais longe na Série C de 2012, alcançando a terceira fase. O Azul e Branco, no entanto, acabou sendo eliminado no grupo que contava com Villa Rio, América de Três Rios e Grêmio Mangaratibense, ficando de fora dos jogos que valiam o acesso à Série B de 2013 – Paduano e América acabaram sendo os felizardos há oito anos atrás.

O São Gonçalo FC, apesar da campanha repleta de derrotas e WO’s na Terceirona, conseguiu chegar na segunda fase, quando acabou sendo eliminado na chave que possuía São Gonçalo EC, São José e Queimados.