O futebol moderno exige excelência em todos os sentidos. É impossível buscar o melhor rendimento dentro de campo sem uma estrutura de trabalho na retaguarda dos atletas. Elementos como a fisioterapia exercem papel fundamental no desempenho dos jogadores e um gonçalense se tornou pioneiro nesta área atuando no Kuwait. Dennis Rodrigues, de 39 anos, se estabeleceu no país asiático e está na oitava temporada por lá.

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Dennis junto do filho Gabriel. Fisioterapeuta é pioneiro do ramo no futebol do Kuwait. Foto: Arquivo Pessoal.

A trajetória percorrida conta com três clubes: Kazma, Al-Arabi e, atualmente, Al-Salmiya. Neste terceiro, Dennis encarou um dos principais desafios da carreira. Ao assumir a coordenação do departamento de fisioterapia da equipe, sequer tinha as ferramentas de trabalho necessárias.

– O clube nem tinha fisioterapia. Tinha uma maca e um fisioterapeuta que fazia o básico. Me deparei com aquela situação e pensei no que fazer. Não tinha condição de ficar dentro do vestiário atendendo. E aí eles buscaram uma sala, fizemos a parte de musculação e o departamento médico – conta Dennis.

– Foi até engraçado porque o sheik que é presidente do clube faz uma viagem. Quando voltou, tomou um susto com o que viu. Ele conta que foi viajar 15 dias e quando voltou o Dennis mudou o departamento de fisioterapia. Foi uma mudança boa e todos gostaram, principalmente os jogadores, que não tinham esse hábito.

Dennis atua ao lado de um filipino na fisioterapia do Al-Salmiya. Durante o período de quarentena por conta do novo coronavírus, foi preciso se reinventar e ampliar conhecimentos.

– É preciso muita disciplina e trabalho para os jogadores conseguirem o sucesso. Esse clube é grande e sempre briga nas cabeças. Na temporada passada ficamos em terceiro lugar na liga. Esse ano estamos nas quartas de final da Copa do Emir. Na quarentena, tive que me reinventar. Fiz simpósios, cursos, especializações. Utilizamos a plataforma do zoom e fizemos os treinos assim, cada um na sua casa. Realizei trabalho preventivo e isso fez total diferença nesse retorno.

Pioneirismo que abre portas

Dennis foi o primeiro brasileiro contratado para trabalhar com fisioterapia no futebol do Kuwait. De lá para cá, outros profissionais do Brasil encontraram campo aberto no país asiático.

– Em 2013, quando cheguei, era outro futebol. Agora estão dando mais importância principalmente na minha área. Existem outros fisioterapeutas brasileiros e de outros países. Focam muito na prevenção de lesão. O principal clube do país investiu bastante nessa área. A Federação não tinha nada e hoje tem uma estrutura melhor para atender o atleta, inclusive com diversas clínicas aparecendo.

Totalmente adaptado, Dennis tem projetos de longo prazo no Kuwait. A ideia é renovar contrato com o Al-Salmiya e ficar por mais um bom período na Ásia.

– Ano passado recebi três propostas para deixar o país: da Arábia Saudita, Romênia e China. Recebi outras propostas aqui de clubes e clínicas, mas o sheik não me libera e vai fechar um contrato longo comigo. Me sinto bem no clube que estou trabalhando. Me divirto com meu trabalho. Estou num ambiente legal onde me respeitam, respeitam meu trabalho e gostam de mim. Sou bem quisto.

– Pretendo renovar e ficar mais tempo no Kuwait. O objetivo é que meu filho comece a estudar aqui e aprenda uma segunda língua. Quero galgar um futuro para ele. O Kuwait é minha segunda casa. Minha esposa é apaixonada, o país oferece uma segurança muito boa e uma educação de qualidade.